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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Leda e o cisne

W.B.Yeats (William Butler Yeats) foi um dos grandes nomes da literatura de língua inglesa. Ganhou o prêmio Nobel de Literatura de 1923. Em 1889, fundou, com a escritora Isabella Augusta Gregorym, o Irish Literary Theater de Dublin, transformado em 1903 na Irish National Theatre Society.

A obra de Yeats compõe-se de poesia lírica de caráter simbolista e de diversas peças de teatro, inspiradas essencialmente na mitologia celta. Seus mais célebres poemas são "A Coat" (Um Manto), do livro "Responsabilities" (1914), e "Leda e o Cisne", de "Uma Visão" (1925), também publicado em "The Tower" (1928).


"Leda e o Cisne" mostra um painel histórico. Da união de Leda com Zeus transformado em ave, Leda pôs um ou dois ovos, dos quais nasceram duas irmãs, casadas com dois príncipes gregos. Uma delas foi Helena, cujo rapto originou a guerra de Tróia, e a outra foi Clitemnestra, que, com a ajuda do amante, assassinou o marido. Ou seja, duas mulheres que emolduram a guerra narrada na primeira epopeia homérica. A seguir, quatro versões do poema "Leda e o Cisne", das quais a primeira é na língua original e as seguintes são versões em português por diferentes tradutores.






Leda and the Swan


A sudden blow: the great wings beating still
Above the staggering girl, her thighs caressed
By the dark webs, her nape caught in his bill,
He holds her helpless breast upon his breast.


How can those terrified vague fingers push
The feathered glory from her loosening thighs?
And how can body, laid in that white rush,
But feel the strange heart beating where it lies?


A shudder in the loins engenders there
The broken wall, the burning roof and tower
And Agamemnon dead.
Being so caught up,


So mastered by the brute blood of the air
Did she put on his knowledge with his power
Before the indifferent beak could let her drop?





Leda e o Cisne


Um baque súbito. A asa enorme ainda se abate
Sobre a moça que treme. Em suas coxas o peso
Da palma escura acariciante. O bico preso
à nuca, contra o peito o peito se debate.


Como podem os pobres dedos sem vigor
Negar à glória e à pluma as coxas que se vão
Abrindo-o e como, entregue a tão branco furor,
Não sentir o pulsar do estranho coração?


Um frêmito nos rins haverá de engendrar
Os muros em ruína, a torre, o teto a arder
E Agameênnon, morrendo.
Ela, tão sem defesa,


Brutalizada pelo abrupto sangue do ar,
Se impregnaria de tal força e tal saber
Antes que o bico inerte abandonasse a presa?


(tradução de Augusto de Campos)





Leda e o Cisne


Um golpe súbito: as grandes asas batendo ainda
Sobre a jovem cambaleante, as coxas acariciadas
Pelas plamuras negras, a nuca segura ao bico,
Ele a mantém inerme, o colo contra o colo.


De que modo poderão os gagos dedos temerosos
Repelir, de entre as coxas que já cedem,
Essa glória emplumada?
E que fazer o corpo, entregue à urgência branca
Senão sentir pulsando de onde jaz
O estranho coração?


Um frêmito nos flancos lá engendra
A muralha ruída, tetos em chamas, torre
E Agamenon defunto.
Assim possuída,
Capturada pelo bruto sangue aéreo,
Assumiria o saber dele como seu poderio
Antes que o bico indiferente a deixasse cair?


(tradução de Mário Faustino)





Leda e o Cisne


Súbito golpe: as grandes asas a bater
Sobre a virgem que oscila, a coxa acariciada
Por negros pés, a nuca, um bico a vem reter;
O peito inane sobre o peito, ei-la apresada.


Dedos incertos de terror, como empurrar
Das coxas bambas o emplumado resplendor?
Pode o corpo, sob esse impulso de brancor,
O coração estranho não sentir pulsar?


Um tremor nos quadris engendra incontinenti
A muralha destruída, o teto, a torre a arder
E Agamêmnon, o morto.


Capturada assim,
E pelo bruto sangue do ar sujeita, enfim
Ela assumiu-lhe a ciência junto com o poder,
Antes que a abandonasse o bico indiferente?


(tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos) 

2 Comentários:

João Roque disse...

Fabuloso!
Como o mesmo poema, sem ser desvirtuado do seu original, pode ser transmitido em diferentes versões, todas elas muito belas.
Eu diria que os três tradutores são poetas também...

Redneck disse...

João, é lindo, não! Eu também acho que os tradutores de poesia estão além da tradução pura e simples. São, eles mesmos, poetas também. Ah! Deixe eu lhe explicar o meu sumiço do teu blog e em outras conversas: primeiro foi a gripe que me abateu para valer (ainda tenho resquícios) e esta semana, especificamente, estou na cobertura de um evento que tem me tomado o dia todo e parte da noite. Logo, tenho trabalhado fora do meu habitat natural e isso acabou com os meus horários pouco usuais. Semana que vem volto à rotina. Espero. Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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